Sunday, September 1, 2013

O Maduro é divertido

O camarada Maduro andou a a divertir o pessoal outra vez. Não, não é o da Venezuela. Esse, já sabemos que tem um potencial de diversão que tende para mais infinito. Refiro-me ao que temos por cá, o Poiares Maduro, que é de calibre semelhante ao da Venezuela, mas gosta de pensar que não é.

Desta vez, temos as seguintes pérolas:
  • É inevitável reduzir pensões
Para "garantir a sustentabilidade da Segurança Social", claro. As reduções terão em conta "aqueles que estão em situação de maior fragilidade". E, ao que parece, a convergência entre a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações é uma forma das formas de empenho do Governo em proteger os que estão nessa situação de "maior fragilidade". E, mais uma vez, se falou na história da equidade.
  • O Tribunal Contitucional (TC), esse gerador de clivagens entre as gerações
O nosso humorista Maduro afirmou isto:
"Discorde-se ou não da decisão do Tribunal Constitucional recente, é dizer que o espaço de ação política para uma geração é de um tipo e o espaço de ação política e os direitos para outra geração é de outro tipo. Concorde-se ou não com a interpretação constitucional do tribunal é essa a consequência: é uma segmentação das políticas possíveis e dos direitos possíveis para diferentes gerações"

De seguida, surgiu "Maduro, o Esclarecido", afirmando que o TC tem dificuldade em entender a política e a lei fundamental no espaço e no tempo em que elas devem ser lidas e interpretadas. O que, traduzido para português, significa "Nós (Governo) é que percebemos disto, os juízes do TC, além de lentos, estão desactualizados".

Seguiram-se mais afirmações brilhantes que, de uma forma ou de outra, andaram sempre à volta destas ideias de que o TC não percebe o que faz, nem o contexto politico-temporal em que se encontra inserido; e que isso poderá, inclusivé, colocar em perigo a democracia para as gerações futuras.

  • A solidariedade e a austeridade
Ah, sim, ainda houve tempo para a velha fábula dos poupadinhos solidários e dos mauzões gastadores que estão agora a receber o castigo que merecem.

Então, vejamos...
  • É inevitável reduzir pensões
Caro Nicol... er, quero dizer... estou sempre a confundir os dois, é melhor ficar-me por Maduro...

Bem, caro Maduro. Só é inevitável reduzir pensões porque o governo do qual faz parte não só se está completamente nas tintas para a tão apregoada "equidade", como ainda aqueles que mais protege não são os que estão em situação de maior fragilidade.

Vamos sempre dar ao mesmo - o motivo pelo qual "não há dinheiro" é porque o dinheiro - que, por acaso, até existe - está a servir para alimentar os amigos das PPPs, das rendas, do BPN... bem, não vou repetir tudo outra vez, caro Maduro, tem aqui uma listinha. É básica, mas é um princípio.

É toda a gente que se alimentou (e ainda alimenta) de tudo o que se gastou nessa lista que o Governo protege. Apenas esses, e mais ninguém.

  • O Tribunal Contitucional (TC), esse gerador de clivagens entre as gerações
Caro Maduro, mais uma vez as suas palas parecem não o deixar ver alguns factos fundamentais.
  1. O maior criador de clivagens cá do burgo é o Governo do qual faz parte.
  2. O facto de alguém ter uma opinião diferente da sua não significa que esse alguém não saiba o que está a dizer. Ah, e assenta-lhe que nem uma luva dizer que respeita muito a opinião do outro, para depois afirmar que o outro tem dificuldade em perceber aquilo de que fala.
  3. Não são as decisões do TC que colocam em perigo a democracia. São as decisões dos líderes (actuais e passados) do Estado (central e local) que afastam as pessoas da política, que fazem com que a imagem de todos os políticos (literalmente sem excepção) esteja pelas ruas da amargura. Aliás, nada tem sido mais destrutivo para a democracia que a clivagem entre a Europa dos "bem comportados" e a Europa dos "doidivanas".

  • A solidariedade e a austeridade
Sobre os nossos vizinhos poupados, não tenho muito mais a acrescentar ao que já disse.

Quanto a nós, os doidivanas gastadores. Caro Maduro, os grandes doidivanas gastadores das últimas décadas no nosso país não são os funcionários públicos que o Governo agora quer despachar, nem os pensionistas cujos rendimentos se torna imperativo cortar. Os verdadeiros gastadores são os que ocuparam cargos públicos ao longo dessas décadas e que fizeram negócios com privados que foram, numa esmagadora regra geral, prejudiciais para o Estado. Que é como quem diz, os seus colegas, presentes e passados.

Sem esses negócios, esses privados altamente eficientes não teriam conseguido os belos lucros que conseguiram. E ainda conseguem, porque a esses, aparentemente, não é inevitável cortar o rendimento.

O Estado tem dinheiro. Só não consegue é continuar a sustentar camaradas como o Maduro e os seus amiguinhos, que querem um belo lucro mesmo quando não têm competência para gerir sequer uma mercearia. Mas como no lucro dos amigos não se toca, para os nossos queridos líderes é inevitável cortar nas pensões.

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