Há algumas notas relevantes neste novo episódio da novela dos swaps.
- As propostas tinham como objectivo a cosmética das contas públicas. Não deixa de ser curioso que tenham sido classificadas como operações com "relevância" e "que se inserem nas estratégias normais de redução do risco e melhoria da performance da gestão da dívida pública, sendo executadas com regularidade pelo IGCP".
- Já viram a quantidade de gente que é necessária apenas para reencaminhar um documento? Reencaminhar sem acrescentar qualquer valor e, no caso dos comentários do ponto acima, reencaminhar retirando valor, ao emitir pareceres incorrectos sobre o conteúdo do documento. Sempre defendi que a gordura do Estado está mais acima, e agora foi possível comprová-lo.
- Os camaradas do PSD têm toda a razão quando dizem que não se percebe como é que ninguém do governo de Sócrates denunciou isto. No entanto, a julgar pela nota de rodapé do doc. do IGCP referente a estas propostas, parece que os camaradas do PSD deveriam dirigir essa questão também para o seu próprio partido:
As propostas apresentadas pelo Citigroup à República, em 1 de Julho de 2005, correspondem, quase integralmente (...), às que tinham sido apresentadas a 13 de Agosto e a 27 de Setembro de 2004 e que tinham tido parecer negativo por parte da AGD
- A SIC já veio esclarecer que recebeu o documento da residência do anterior primeiro-ministro. Por um lado, adoro estas coisas - recebeu da "residência"... deve ter sido a governanta; ou, se formos mais tradicionais, o mordomo. O que a SIC ainda não esclareceu foi quando recebeu o documento.
No fundo, se espremermos bem isto tudo, não há grandes novidades, apenas confirmações. Confirmamos:
- O calibre moral de quem nos governa, os nossos "best of the best"
- O calibre moral da nossa banca. E afins, que os nossos amiguinhos da banca não são especiais, são iguais a todos os outros que tenham dimensão suficiente para ter amiguinhos no Estado.
- O valor acrescentado de toda a gente que aparece muito ufana, de fato catita e de braços cruzados na capa das revistas (e jornais) cor-de-rosa dos gestores e economistas. Aliás, dada a sua contribuição para a posição notável que Portugal ocupa actualmente, há que lamentar que não tivessem passado mais tempo de braços cruzados.
A verdade é que já sabíamos tudo isto. Estas histórias que sobem à superfície quando as comadres se zangam servem, acima de tudo, para calar o pessoal que grita "Teoria da conspiração" por tudo e por nada.
Deixo uma nota final - já repararam que quem fica bem neste filme é o Franquelim do BPN? Não acham que isso, só por si, diz tudo?
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