1. O governo publicou uma portaria que obriga a Vimeca a aceitar os passes intermodais.
Este é o governo que não corta a sério nas PPPs porque, supostamente, a legislação não lhe permite fazer mais. O mesmo governo que, quando o contrariam, procura forma de alterar a legislação.
Fazendo a comparação entre a Vimeca e as PPPs, talvez esteja na altura de a Vimeca fazer umas contribuições para os partidos, ou começar a contratar gente "notável" com cartão partidário para posições "não executivas" na empresa.
2. Em 2005, Joaquim Pais Jorge, colaborador do Citigroup, tentou vender ao governo de Sócrates swaps para disfarçar o rácio dívida pública/PIB.
Hoje em dia, esse exemplo perfeito de empreendedorismo é secretário de Estado do Tesouro.
Muita gente diz que isto é um escândalo; eu creio que o termo técnico é "normal". Vejamos...
- Indivíduo que trabalha no sector privado, propõe negócio de cosmética financeira ao Estado e depois passa para institutos públicos para "negociar" PPPs? Check!
Nota: Admiremos a coerência. A proposta dos swaps seria prejudicial para o Estado; e as PPPs são aquilo que sabemos.
- Devido à sua performance, é recompensado com um lugar no governo? Check!
- Os swaps não são contabilizados para o cálculo da dívida pública, toda a gente sabe disso e ninguém quer saber (incluindo esses bastiões da inutilidade que são as agências de rating)? Check!
Não vejo onde está o escândalo. É apenas mais uma história de gente que revela um grau de competência e idoneidade compatíveis com lugares de liderança/gestão no sector público, onde, naturalmente, vão manter os laços que os ligam aos amigos que permanecem nas instituições privadas, e é neste emaranhado de fios entrelaçados que assenta o modus operandi que trouxe o país à posição de relevo em que se encontra actualmente.
Tal como disse, tudo normal. Nada de novo. Não sei porquê, lembrei-me agora de uma música dos 80s - "Jobs, jobs, jobs"... ou será que era "Boys, boys, boys"?
3. O Tribunal da Relação do Porto decidiu que o álcool é benéfico à produtividade.
Mais concretamente, decidiu que um trabalhador despedido por estar com uma piela colossal (perdoem-me o termo técnico) tem que ser readmitido porque "com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões, e por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos".
Creio que a grande virtude deste acórdão foi esclarecer a atitude dos nossos magistrados relativamente ao trabalho sob o efeito de álcool e, nesse sentido, lançar uma nova luz sobre muitas decisões judiciais que eram, até agora, incompreensíveis. In Vino... Qualquer-Coisa-Que-Não-Veritas, suponho.
Mas, agora, ficou-me a dúvida... dado o assombroso nível de produtividade da magistratura portuguesa, será que eles andam o tempo todo sóbrios?
4. Miguel Relvas vai promover a língua portuguesa.
Haveria muitas piadas a fazer com o assunto, mas fica para outro dia.
Deixo apenas uma nota curiosa - a instituição que vai acolher Relvas não será financiada por dinheiros públicos, mas sim por empresas privadas. Basta pensarmos no nível de segregação entre sector público e privado em Portugal, para percebermos que, de uma forma ou de outra, quem vai pagar isto é o contribuinte, como sempre.