Thursday, September 26, 2013

Bits and coisas

The first one is in English, the rest is in Portuguese.

Brussels threatens France

Yay! Finally, we see our Knights of the Innefective Table moving! Could it be the EU is stepping in to control a serious problem in a timely fashion, before it gets out of hand?

Not really, no.

Just as with Austria, in 2000, what moves our bastion of incompetence is a pseudo-concern for the minorities and the defense of the freedom of movement in the European space, due to anti-gypsy/roma statements by a French minister.

As is usual with the EU, the actual causes of the problem, which begin right "at home", in Romania and Bulgaria, won't be addressed. The EU supposedly financed projects worth several dozen million euros to integrate the roma in the romanian/bulgarian communities; however, judging by my experience in Portugal, I'll bet the effective follow-up and oversight on those projects was very close to none.

Anyway, it's the EU at its best: Failing to address the causes of a serious problem, and instead threatening to apply force in sweeping some dirt unde the rug.

Agora, em tuga.

Crato, pá, parabéns! Uma semana depois do arranque das aulas, já não ouço máquinas nem cheira a alcatrão na escola aqui em frente. Nada mau... Agora, é só resolveres todos os outros "casos pontuais".

O valor da economia paralela

Mais uma vez, a economia paralela é notícia. Mais concretamente, a sua dimensão. E, como de costume, lá vêm os habituais sermões sobre a responsabilidade de cada um de nós, sobre a necessidade de mudança de mentalidade, etc, etc, etc.

Eu digo o mesmo de sempre - o exemplo vem de cima. Querem resolver o problema? Acabem com o sigilo bancário, promovam a obrigatoriedade de publicação de rendimentos, acabem com as Holandas, as Irlandas e as Ilhas Caimão desta terra, e depois vamos lá tratar desta história das mentalidades.

First things, first.

PPPs

Já disse por diversas vezes que o Estado deveria fazer um corte a sério nas PPPs e, se isso não se revelasse exequível, cancelá-las. Cada vez que defendo isto, lá tenho que ouvir a conversa que isso é impossível, existem contratos que o Estado tem que honrar, mais a Lei e os tribunais e todas aquelas coisas que até fariam perfeito sentido num qualquer País das Maravilhas que não o nosso.

Mas, como já é costume, eu sigo a minha regra simples - esperar. Já por diversas vezes vimos a opinião que este governo tem sobre a Lei e os tribunais, e agora temos mais dois exemplos de rajada.

Lei da cobertura de campanha
Aparentemente, Passos está aborrecido porque os seus amigos não aparecem na TV e não temos as imagens de caminhadas e distribuição de sacos de plástico e autocolantes para permitirem aos eleitores uma "escolha informada". Já para não falar nos momentos edificantes em que alguém se cruza com a referida caminhada, tenta encetar um protesto e é imediatamente silenciado por um bando de gente a agitar bandeiras aos gritos e fisicamente afastado do local, para que não manche a novela das 20:00.

A lei em si é irrelevante, porque os partidos e os seus candidatos a tornaram irrelevante. Não consigo descrever o valor que dou à cobertura das eleições (sejam elas locais ou nacionais), apenas sei que tende para menos infinito. E nisto incluo os famigerados debates; sobre quem utiliza os "debates" para decidir em quem votar, ocorrem-me apenas duas letras: I-O.

O que tem isto a ver com PPPs? Simples. É mais um exemplo de como, quando se quer, as leis são alteradas.

40 horas na Função Pública
O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos interpôs uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, para impedir que entrasse em vigor o aumento do horário de trabalho para 40 horas.

E o que é que o governo se prepara para fazer? Invocar o interesse público para fazer o override da providência cautelar.

O que se demonstra é que este governo, tal como todos os outros, altera o que quer. Se não tratou ainda das PPPs é porque não quer.

EDP processa

O Amigo Chinês está aborrecido.

Vejam lá que parece que vai ter que devolver dinheiro aos clientes por causa de erros no seu equipamento. Onde já se viu uma coisa destas? Como o Amigo Chinês não está habituado a isto de ter que respeitar os direitos dos outros, lá mandou Catloga & Cia. processar a ERSE.

Era só o que faltava. Qualquer dia, se um lote de automóveis tivesse um problema, iam obrigar a marca a recolhê-los para o resolver, querem ver? Está tudo doido, não?

Além disso, o Amigo Chinês não gostou da interpretação do Estado relativa a uma lei sobre a tarifa social, e quer fazer valer a sua interpretação dessa mesma lei. O que, na prática, equivale a mudar a lei. O que também se percebe, se tivermos em conta que estamos a lidar com o Amigo Chinês.

As interpretações divergem num ponto - quem deverá pagar a tarifa social. De um lado, diz-se que é o produtor; do outro, o consumidor. Deixo como exercício ao leitor atento determinar qual será a interpretação do Amigo Chinês.

Mas, no problem, certo? É só mudar para a concorrência! Ah, não...? O Estado vendeu a infraestrutura de produção ao Amigo Chinês, e a concorrência de que se fala é uma aldrabice, pois o Amigo Chinês vai sempre receber, seja quem for o fornecedor de energia...?

Vely typical of us...

Friday, September 20, 2013

Educação... Lembrei-me do Guterres, não sei porquê...

Ora aí está o camarada Crato em todo o seu esplendor.

Começo por dizer que hoje é 6ª feira. Aqui em frente a minha casa, tem sido uma semana de aulas, embalada pelo barulhos dos camiões e das máquinas e perfumada pelo aroma do alcatrão.

Segundo Crato afirmou há uns dias, está tudo a correr na normalidade, à excepção de uns "casos pontuais". Deve ser isso, então; em frente a minha casa tenho um exemplo de "pontualidade" do Crato.

Mais "engraçada" ainda é a questão dos manuais de Português e Matemática. O Ministério da Educação Cratino (MEC) introduziu alterações a estas duas disciplinas; mas garantiu que os manuais escolares existentes continuavam a poder ser utilizados, i.e., que os pais não eram obrigados a comprar os novos manuais.

O que o MEC se esqueceu foi de dizer que a coexistência de diferentes manuais nas salas de aulas tem que ser gerida pelos professores, i.e., é através de um esforço adicional dos professores que se garante essa coexistência.

Vejamos então a performance do camadara Crato:
  • Apresenta uma solução que não resolve nada, mas passa o esforço de a implementar para terceiros.
  • Fica bem na fotografia, pois diz aos pais, apertados em tempo de crise, que não precisam de comprar manuais.
  • Apesar do ponto anterior, fica bem com os amigos das editoras, pois, a confirmarem-se as denúncias de pais e professores, o mais certo é haver muitos pais que vão fazer o sacrifício para que os seus filhos não tenham um handicap em duas disciplinas de exame.

Isto, meus caros, é um verdadeiro case-study de "solução" típica de líder tuga:
  • Não resolve nada.
  • Obriga os colaboradores a desperdiçar esforço (e, portanto, produtividade).
  • Incide sobre algo que é essencial para as pessoas, o que garante receita aos amigos que vendem esse bem essencial.

É apenas mais do mesmo, seja dos líderes públicos, seja dos privados, principalmente dos privados que têm no Estado o garante do seu negócio. Afinal, quem tem um rendimento máximo garantido, não precisa de "fazer bem", apenas de "fazer acontecer".

Thursday, September 19, 2013

Europeans, the slow learners

Now, don't get me wrong, my fellow Europeans, but... you're a bit slow on the uptake, aren't you...?

After being pretty much robbed blind for 25 years, you're coming back for more, to the tune of 21K million euros in 6 years. Jesus!

Pray, tell... what exactly are you expecting to be different, this time? Have you required better safeguards? Are you - finally - going to take an active role in auditing the expenditure?

Or are you just shoving some more money here, and, 10 years down the line, complain you've been robbed... again?

Germany may be headed in the right direction, with its anti-euro party. Yes, I know. It will be catastrophic for Portugal, and I shouldn't be saying it's the right direction.

But I'm tired of this. It's been 25 years being led by bullshit artists (both national and foreign), so maybe the only real solution for us is to crash and burn, and become the new Albania. It's pretty much what we've been for a large part of the XX century; and, in all honesty, it wasn't our own effort that got us out of that situation.

Ah, what do I know?

All I'm saying is this - the vast majority of this money that's heading our way is going to waste, in an exact copy of what happened in the previous 25 years. By "waste", I mean it's going to be spent on projects of dubious need (at best), at both inflated prices (that will inevitably go over-budget) and penalizing terms to the State, in order to fill the pockets of a restricted number of individuals.

And in 2020 the country won't be any different from what it is now, unless conjunctural circumstances force some extreme change upon us; but there's a higher probability of such an event pushing us towards Bangladesh, rather than Northern Europe.

In short, my fellow Europeans - you haven't learned anything.

Wednesday, September 18, 2013

The IMF's Oops...

First, two notes, in Portuguese (yep, I believe this is a first - the notes in Portuguese, the main subject in English).

Nota 1: Aparentemente, 2 fundos do BES investiram, desde 2008, +/- 2.2K milhões de euros exclusivamente em empresas do universo BES. Até aqui, tudo bem - investem onde quiserem, e a família acima de tudo. O divertido da questão é que os fundos em causa são apresentados como sendo de "risco reduzido". Obviamente. Afinal, é bem sabido que uma estratégia de quem procura reduzir o risco é investir tudo exclusivamente no mesmo cesto.

Nota 2: Bruxelas desconfia que o preço que a EDP pagou pelas concessões de exploração hidoreléctrica poderá não ter sido o "adequado". Isto aconteceu em 2007, e eles estão a abrir um inquério agora. E ainda falo eu mal da Justiça portuguesa.

Let's move on, shall we?

Those wacky folk at the IMF are at it again. This time, a team of their "technical staff" presented a report, "Reassessing the Role and Modalities of Fiscal Policy in Advanced Economies"; their conclusions in this report can be neatly summed up as: "Oops!"

Yep. The IMF team that authored this report looked at the policies put forth by the IMF in response to the crisis (policies enacted in countries like Portugal), and said that those policies might be "a wee bit" wrong on a number of fundamental aspects.

Upon reading this, I first felt outraged, thinking of all the lives damaged by these policies. But, as the outrage died and I considered all facts with a cooler head, I've reached a saddening conclusion - it's irrelevant.

At this point, these IMF staffers say they failed; and they present solutions. But their solutions are as worthy as their previous solutions, which they now say were incorrect.

As I said in previous posts, this is economy. Like most pseudo-sciences, economy likes to surround itself with the trappings of Science, in the hope that people will mistakenly assume it as such. But, unlike scientists, economists have no way of knowing, with any reasonable degree of certainty, whether or not they're right. They have no way to offer proof or demonstration of their theories, other, that is, than implementing said theories on the field and testing them on those countries that can't tell them to bugger off. Ergo, affecting real lives to prove or disprove their theories.

And there you have it: The IMF, the credible institution. Right "up" there, with the rating agencies, the Eurogroup, or Al-Qaeda. All similar, in the way they spout nonsense that is backed by no demonstrable evidence, and that everyone else is supposed to accept as an act of faith.

So, faced with this report that says "Our policies got some fundamental issues wrong", all I can say is: Welcome, IMF. Notice the vast amount of people here at this spot where you have just arrived. Notice, also, that all these people arrived at this spot (let's call it "conclusion", shall we?) waaaaaaay earlier than you did.

Not only does it speak volumes about your credibility, but also about your competence. But, what the heck! We can't demand much from those whose work is based on faith, can we?

Monday, September 16, 2013

Crato, amigo...

Tu que estás sempre em contacto com as escolas... Sabes aquela escola que tenho em frente a casa, onde tem havido obras todos os dias sem descanso...?

Vê lá tu o que tenho mesmo em frente a casa, neste preciso momento (09:00):
- Barulho de camiões e máquinas vindo da escola.
- Um monte de pais e alunos do lado de fora da escola, à espera.
- Buzinadela q.b. do pessoal que quer passar e não consegue, por causa dos carros em segunda fila, dos pais que vieram deixar os miúdos para o que deveria ser o primeiro dia de aulas.

Parabéns, Crato. É preciso ser alguém muito especial para atingir um nível destes.

Update: Crato, pá, isto é melhor que o que eu pensava. Os miúdos já entraram e os pais já se foram embora. Os miúdos estão nas salas de aula, e o barulho das obras cá fora regressou, em todo o seu esplendor.

Tenho mesmo que admitir, a gestão da equipa que lideras merece um case-study.

Update 17-09: Yep, ainda se ouvem as máquinas e marteladas.

Update 18-09: Hoje, para além do barulho das máquinas e dos camiões, temos ainda o inspirador aroma do alcatrão.

Sunday, September 15, 2013

O compromisso do amigo chinês

Aqui há um ano e tal, se bem se lembram, arranjámos (o País) um tacho fenomenal ao Catroga e a mais uns amigalhaços. Não repararam? Foi quando apareceu o nosso querido líder a afirmar que o país "devia muito ao Dr. Catroga".

Na altura, falou-se muito do excelente negócio "para ambas as partes", pois com a privatização da EDP aos chineses, o investimento chinês havia de chover cá pelo burgo. Aliás, a privatização incluía um acordo no qual a China Three Gorges se comprometia a certos investimentos.

Afinal, parece que o "compromisso" era apenas um "best effort", i.e., talvez um dia, quem sabe, se o alinhamento dos astros se conjugar, o investidor chinês possa considerar a possibilidade de discutir uma proposta de análise de investimento.

Agora, o governo português diz que "Por ocasião da privatização da EDP, foram criadas expectativas de investimento", e pediu ao amigo chinês um "ponto de situação" sobre esses mesmos investimentos.

Cheira-me que o amigo chinês, agora que já tem o que queria, lhe vai mandar um ponto final.

Saturday, September 14, 2013

Sem Educação e sem Juízo

O camarada Crato teve ontem um pequeno percalço com uma professora, em Viseu. Mais uma vez, as suas respostas demonstraram o seu carácter, o seu espírito democrático e, no caso desta que aqui apresento, a sua educação: "essa senhora devia estar com alguma vocação psicanalítica".

O camarada Crato afirmou ainda: "Estou em colaboração com os politécnicos, com as universidades, com as escolas". Não tenho dúvida disso. Porquê? Aqui em frente a minha casa tenho uma escola primária. Desde há semanas que tenho o "prazer" de ter um conjunto de indivíduos e máquinas a trabalhar das 08:00 às 19:00 (aprox.), todos os dias, incluindo Sábados e Domingos. E, mesmo assim, não conseguiram ter a obra pronta antes do início do ano lectivo. Ainda agora (Sábado) aqui estão a trabalhar.

É por isso que não duvido do que disse o nosso Educador-Mor. Este padrão de gestão (trabalhar todos os dias, sem descanso, e mesmo assim falhar o objectivo) assenta-lhe que nem uma luva. Bom, a bem da verdade, assenta-nos a todos, como povo. Mas, como diz a regra, a responsabilidade encontra-se no topo. Se quando as coisas correm bem são os gestores de topo que recolhem os louros, não esperem que, quando correm mal, eu vá pedir responsabilidades ao porteiro.

Anyway, já chega de fait-divers...

Os nossos juízes continuam a demonstrar o motivo pelo qual a Justiça portuguesa se destaca das suas congéneres europeias. E, mais uma vez, no Tribunal da Relação do Porto, que parece ser um caso exemplar da qualidade de Justiça que temos cá pelo burgo. Neste caso, trata-se de um psiquiatra que teve relações sexuais com uma paciente grávida. Citando a notícia:
dois dos juízes desembargadores entenderam que o facto de ele ter agarrado na cabeça da doente e lhe ter introduzido o pénis na boca e, de seguida, a ter empurrado para o sofá, onde concretizou sexo vaginal, não constituiu violência suficiente para configurar o crime de violação

Depois, o Supremo invocou formalidades para não se pronunciar, e isto tem andado a marinar, entre recursos e outros atrasos legais do género. O mesmo se passa na Ordem dos Médicos (OM); Manuel Rodrigues e Rodrigues, responsável do conselho disciplinar regional da OM, afirma que estas demoras são normais, desculpando-se com a demora dos tribunais e com a pena proposta (expulsão da OM), que exige o rigor absoluto em todos os trâmites.

Bem, e enquanto todas estas entidades, Supremo Tribunal de Justiça, Tribunal da Relação do Porto e Ordem dos Médicos, nos demonstram a qualidade do seu trabalho, o referido psiquiatra tem toda a liberdade para continuar a exercer este seu tipo de psiquiatria. Segundo estas entidades, o senhor doutor não terá feito nada de errado que justifique, sei lá, suspender o seu direito de excercer esta actividade.