Wednesday, June 19, 2013

Dear EU taxpayers,

I often read about your outrage at the current state of countries like Portugal, after year upon year of European money (as in "your money") pouring in; I totally understand it. And yet, I can't keep from being perplexed by this unanswered question: Where have you been for the past 20 years?

The first visible contact many Portuguese had with the EEC, after Portugal joined, was with what we here called "Cursos da CEE", i.e., training courses subsidized by the European Social Fund (ESF). It was a good idea, and it was something Portugal sorely needed. However, it didn't take long for the first stories of mismanagement and downright fraud to surface. I was in my late teens at the time, I was definitely not that well informed, and yet I was getting these stories on a daily basis - how someone at one of those "cursos da CEE", showed up in the morning, signed the presence sheet and left for the rest of the day; or how someone else had positive grades even though he knew nothing of what was being taught.

My friends heard similar stories; at school, my schoolmates heard similar stories; talking to adults, they, too, heard similar stories. No one else in the whole of EEC heard about this? No one thought it might be a good idea to step in and say "Here, let us see exactly how is that training money being spent, and what benefits are the Portuguese reaping from it"?

In the 90s, the EU was calling us the "good student" (or the "bright pupil", or whatever nonsense someone thought would sound good at that time). In that same time frame, we were getting the first concrete stories about frauds with European money. Not just the ESF training money, but other types of subsidies (among the most notorious were the agricultural subsidies). One notable case in the news involved a worker's union that applied for training money and whose leaders went from average-income to wealth status in a few years.

So, the EU was telling us "good job!" at the same time our headlines were warning about malfeasance with EU's money. Am I the only one spotting an inconsistency, here? Once again, I ask: Where were you? It was your money, you worked hard for it. Didn't it bother you, this crescendo of worrisome signs on how that money was spent? You have embassies in Lisbon. Didn't your ambassadors watch the news? Didn't they relay signs of concern to your leaders? What were you doing?

I can assure you, if it was my money, I would want my people in charge of investigations (especially in a country with such an appalling judiciary as Portugal), and that's the point in time where I'd step in, to cut the party right at the beginning. That was the time for saying "Listen, we're the ones paying for this, we don't like all these signs we're getting, and now please move aside because we're stepping in to investigate". I, for one, would applaud, and national sovereignty be damned. It was your money, it was being misspent, and you had all the right to take control of the situation (which is what you're doing now; except that now it's too late).

My view is not particularly popular among the people with whom I discuss this. The usual argument I get concerns the "scandalous interference in internal affairs" such a "meddling" would cause, and that the EU has neither the power nor the right to do it. Of course, in what concerns "having the power", we need only look to Austria in 2000, and the EU-imposed sanctions over the electoral results of an extreme-right party, to see the EU has, in fact, the power to interfere in a member-state's internal affairs. And I agree it should have such power - if we're in this together, then the errors of the one affect the stability of the whole (which, to me settles the "having the right" bit).

Another example of this perplexing apathy came forward when the Cyprus crisis burst, this time in the person of Wolfgang Schäuble, who was quoted as saying something like: "Cyprus has been doing this for years"; "this" being "attracting foreign capital in a risky and potentially unsustainable fashion". And, once again, I ask: If the EU knew about this behaviour "for years", and if Cyprus is a member-state, what did the EU do to correct such behaviour in a timely fashion, thus preventing said risks? Why did the EU step in only after it became an emergency?

Dear taxpayers, you were, for the most part, robbed. I'd say a vast majority of the money Portugal received was spent on projects that did little to actually reform and advance the country; a good part of that money financed some of the wealthiest fortunes in Portugal. But it was done in the open. We didn't build stadiums for an Euro or highways that are almost empty... in secrecy. Our projects didn't go obscenely over-budget in discreet back-alleys, amidst scantily dressed prostitutes reclining on street lamps (thanks, Steven Moffat, your writing is brilliant); actually, given the way business is conducted, I can't vouch for the absence of prostitutes. Anyway...

Throughout the years we've had an abundance of signs and news stories that threw suspicion on how your money was being spent. You didn't care. You let a judiciary system you don't trust (I first heard this from an Austrian entrepreneur, as he explained it was the #1 reason for him not wanting to do business in Portugal) handle investigations on how your money was being spent. What were you thinking?

I really don't understand what happened. In 1987, I was hopeful, as Portugal joined a group of nations I considered better organized, more productive, more civilized (in my youth, when we talked about perfect countries, we talked about Sweden and West Germany). I seldom traveled, but when I finally had a chance to go somewhere, I went to Austria and Bavaria. Today, that admiration I had towards you is gone. I expect nothing of Europe, and these reforms you portray as imperative for EU's (and the eurozone's) recovery and stability will have no impact whatsoever, and Portugal (possibly, among others) will keep on sliding down; the most probable outcome will be for the weaker nations to slide off the euro, to keep from jeopardizing everyone else's stability.

As a Portuguese citizen, I don't deny our responsibility - we did it on our own. But I still have my unanswered question: Where have you been all these years, while your money was being wasted?

Tuesday, June 18, 2013

Aprendizes

 O relatório


Aí está ele, acabadinho de sair do forno, o relatório sobre as PPP que demonstra que a culpa é toda do passado.

O que não seria novidade, não fosse o pequeno facto de os autores deste relatório serem dotados de uma capacidade de observação um pouco... como dizê-lo...? Diferente! Isso, diferente... diferente da dos comuns mortais (nos quais me incluo). Podemos resumir o relatório da seguinte forma:
  1. Os contratos entre Estado e privados são, na sua esmagadora maioria, prejudiciais para o Estado.
  2. A responsabilidade recai sobre o governo de Sócrates.
Quanto ao ponto 1, totalmente de acordo. Não pelo princípio em si, i.e., não me choca a existência de privados a fornecer serviços em parceria com o Estado. Infelizmente, o que a realidade me apresenta, de forma continuada e consistente, são exemplos de como isto não resulta nem em aumento de qualidade de serviço, nem em poupança para o Estado. Sendo assim, dispenso essas parcerias.

Quanto ao ponto 2, alguém devia explicar a estes indivíduos que não é assim tão fácil apagar décadas de governação PSD e PS em que a regra foi o Estado sair sempre prejudicado nos negócios feitos com privados (já para não falar na quantidade de ex-membros de governo que integravam depois, por incrível coincidência, os quadros das empresas com quem o Estado fazia esses negócios).

O Estado não começou a sustentar os amigos quando Sócrates chegou ao poder; Sócrates "limitou-se" a manter a tradição que já vinha de trás. E não é justo dizer que foi Cavaco que deu início a essa tradição; Cavaco governou num período em que a CEE injectou dinheiro em barda no país (portanto havia imenso dinheiro para o Estado perder), e foi o seu governo o primeiro a dar outra escala a esta nobre arte do compadrio. Mas todos os que lá aterraram desde então (incluindo os actuais) não são melhores nem piores que Cavaco, são iguais.

Aprendizes de Sun Tzu

O livro "The Art of War" fala muito em "deception", que podemos traduzir como "dissimulação".

É o que temos neste relatório das PPPs - fala-se apenas de Sócrates & Cia., na esperança que ninguém repare nos outros. Foi o que tivemos, também, neste weekend que passou, nas fabulosas reuniões entre o ministro da Educação e os vários sindicatos/associações, que foram recebidos separadamente (isto das instalações modestas, com salas pequenas, é um problema). Em ambos os casos, o governo apresentou versões dos acontecimentos concebidas tendo esta "deception" como pano de fundo.

Nada a opor. Não é que concorde com isso, mas é um facto da vida que a "deception" faz parte da realpolitik.

Agora, há uma coisa que o camarada Crato e o autor deste relatório deviam perceber - "deception" não é apenas "distorcer" a realidade; é fazê-lo de forma a que a manobra não seja óbvia para qualquer pessoa com mais de um neurónio... ou sem palas, claro.

Não me chateia por aí além (vá lá, só me chateia um bocadinho) que estes indivíduos não tenham princípios. Agora, ser governado por quem não tem inteligência sequer para mentir é realmente mau.

Sim, eu sei, não precisam dessa inteligência. Têm sempre muita gente para os apoiar, por muita que seja a burrice que dizem/fazem. Palas...

Sunday, June 16, 2013

Quem espera...

No meu post anterior falei sobre o facto de o governo só ligar à Lei quando lhe convém. Disse isto: Geralmente, basta-me deixar o tempo correr para ver as minhas suspeitas realizarem-se.

E desta vez nem foi preciso esperar muito tempo. Esta novela da greve de professores em dia de exames trouxe-nos mais uma evidência de como, quando há vontade, se mudam as leis.

Confrontado com a decisão sobre os serviços mínimos, o nosso "querido líder" afirmou que iria mudar a lei que regula os serviços mínimos, de forma a que esta situação não voltasse a acontecer.

Ou seja, quando o nosso "querido líder" não gosta da Lei, esta muda-se.

O que só me pode levar a concluir que não se mexe a sério nas PPPs e nas "rendas do champagne" (EDP & Cia) porque o nosso "querido líder" gosta de lhes continuar a pagar.

Wednesday, June 12, 2013

O Estado e os tribunais

De vez em quando, fazia comentários num forum (não interessa qual é, não lhes vou fazer publicidade).

É um fórum que aceita comentários anónimos, mas, naturalmente, quanto mais utilizadores se registarem, melhor. Até porque o registo permite criar uma identidade e construir uma reputação num fórum online (vale o que vale, mas é um facto) .

Este fórum modera os comentários. Ou seja, eu faço o meu comentário e depois alguém, utilizando um critério que será mais ou menos arbitrário, aprova ou não esse comentário.

E é aqui que a coisa se espalha ao comprido. É suposto eu criar uma identidade nesse fórum e criar uma reputação à base daquilo que vou escrevendo; mas depois pedem-me para deixar a aprovação ou não nas mãos de terceiros, num processo que não me dá nenhuma espécie de feedback. Já me aconteceu estar numa troca de argumentos com alguém, (anónimo ou não, é indiferente), e a minha resposta não ser publicada, sem que eu perceba porquê (até pode ser uma coisa tão simples como uma falha do sistema). Olho para isto e digo "No problem, não me afecta". Não me afecta porque não criei uma persona naquele fórum, não me afecta porque quando passo por lá sou apenas mais um anónimo a "postar", portanto não me preocupo se uma troca de ideias onde não concordo nada com o argumento que me foi apresentado e onde acho que apresentei contra-argumentos válidos é cortada a meio.

Mas, uma coisa é certa - no que me diz respeito, não será assim que me registarei nesse fórum. Aliás, já nem faço comentários lá há umas semanas.

E agora a coisa atingiu um nível de ironia delicioso.

Uma das minhas últimas interacções nesse fórum foi com alguém que defendia que o governo não podia fazer mais para cortar nas PPPs porque isso significaria ir para tribunal, e o Estado estaria limitado pelas decisões de um tribunal.

Como se pode ver pelas notícias de hoje sobre as decisões do TC e os subsídios de férias, o Estado só está limitado pelas decisões de um tribunal quando lhe convém.

Se o Estado quisesse, podia cortar muito mais nas PPPs, não tenham qualquer dúvida disso. Eu próprio o disse, na minha resposta nesse fórum. Que não foi publicada.

Vamos esperar pelo final do ano, para ver se pagam. Geralmente, basta-me deixar o tempo correr para ver as minhas suspeitas realizarem-se.

Não por eu ser particularmente brilhante, mas apenas porque os anos me ajudaram a ir tirando as palas dos olhos. Ainda tenho muitas, sim, mas, pelo que vou lendo, tenho menos que a maioria dos meus concidadãos "cibernautas".

Friday, April 19, 2013

Seria só rir...

Heh... por onde começar?

A "ciência" económica

Bem, comecemos pelo fantástico "estudo" Reinhart-Rogoff. Sem ser o único estudo que alerta para os perigos do endividamento, é o mais citado, por isso merece o lugar de "honra" que lhe está actualmente reservado.

Vê-se muito comentador ilustre (e muito comentador menos "ilustrado") a falar das virtudes do "estudo", dos vícios do "estudo" ou do facto de as conclusões do "estudo" se manterem válidas.

Mas eu diria que a questão assenta num ponto fundamental: Não se pode chamar ciência à economia. 

A verdadeira ciência pressupõe um método científico que testa hipóteses, de uma forma controlada; uma vez estabelecidas relações de causalidade de forma repetível, essas hipóteses poderão dar origem a teorias. A economia massacra números, desconhecendo o que realmente está por trás dos mesmos (sem o controle e o rigor necessários a uma ciência), e cria automaticamente "teorias" que, por serem baseadas nesse desconhecimento, não provam causalidade de espécie alguma, o máximo que conseguem demonstrar é co-relação.

Seria o mesmo que os médicos receitarem sempre um medicamento para a constipação por alguém espirrar, por desconhecerem que a causa dos espirros poderia estar numa alergia. A economia é baseada no desconhecimento.

E isto não vai mudar. Não por os economistas serem menos capazes que os praticantes de outras actividades, mas por a actividade económica incluir um número gigantesco de factores que não são sequer directamente observáveis. É impossível fazer ciência numa situação destas.

Por fim, o problema maior da economia é que testa a validade dessas teorias directamente em seres humanos. E é este o seu único crime. O terrorismo destrói centenas de vidas em segundos; isto destrói milhões de vidas ao longo de anos. Isto não é ciência, é banha da cobra com uma embalagem que representa a melhor credibilidade que o dinheiro pode comprar. Aliás, até comprou um pseudo-Nobel, pago pelo Banco Central Sueco.

Merkel e o salário mínimo

A camarada Merkel volta a atacar. Desta vez disse que um salário mínimo generalizado poderá não ser uma boa ideia, pois não está relacionado com a produtividade. Em vez disso, aceita salários mínimos sectoriais.

Também aponta isto como a razão para a baixa taxa de desemprego na Alemanha. Eu gostaria de acreditar que ela terá dito "uma das razões", mas, vindo de quem vem, não vou arriscar. Either way, é mais um exemplo do pensamento "científico" dos incapazes: Determinar causalidade dá trabalho, portanto fica muito melhor atirar umas larachas. Até lhe dão tempo de antena, e tudo, porque não aproveitar?

Anyway, a ideia em si não me choca, mas acho piada que, quando se fala de rendimento vs. produtividade, se comece pelo salário mínimo. Sim, faz parte do que teria que ser revisto, numa óptica de produtividade, mas há outros pontos mais prioritários. Sugiro a seguinte escala:
  • Comecemos por analisar o rendimento da camarada Merkel e dos seus coleguinhas políticos por toda a UE. Qual tem sido a performance da UE? A UE está em ascensão? Boa, aumentem-lhes o salário, que estão a fazer um trabalho admirável; senão, se calhar está na hora da camarada Merkel praticar o que apregoa, começando pelo seu próprio salário.
  • Quantas empresas é que criam regra após regra, burocracia após burocracia, em nome de uma suposta gestão de recursos, e da fantástica falác... er, quero dizer, "regra" do "Se não consegues medir, não consegues gerir"? Quanto tempo e quanta produtividade é que se perde devido a isto? Já começaram a "ajustar" o salário destes burocratas empresariais?
  • Quando um comercial vende o impossível a um cliente, seja por ignorância, seja por má-fé, está a desestabilizar o funcionamento da sua empresa. Está a colocar um stress desnecessário em toda a gente que vai ter que produzir o que foi vendido ao cliente, ou em quem vai ter que compensar o cliente por ser impossível fazê-lo. Tudo isto vai levar a alterações de planeamento, renegociações, desperdício de tempo e produtividade. Já trataram desta questão?
  • Há gestores que baixam o preço do seu produto/serviço para lá do razoável. Depois, para manterem um saldo positivo, cortam no que pagam e/ou na dimensão das equipas que fornecem o produto/serviço. Criam um problema para o qual a única solução que possuem é a frase "Temos que fazer mais com menos". Ou seja, criam um problema que outros terão que resolver. Uma equipa sub-dimensionada deixa acumular trabalho, faz com que situações perfeitamente normais só sejam tratadas quando se tornarem em emergências (porque passa a vida a tratar de emergências) e pode passar mais tempo a reprioritizar tarefas do que a executá-las. Tudo isto é desperdício de tempo e produtividade. E disto, já trataram?
  • Há pessoas que não produzem. Seja por falta de formação, seja por falta de "motivação", seja por que motivo for, a sua produtividade é baixa. No entanto, na minha experiência, são muitos os casos em que essas pessoas não sofrem consequências por isso. Porquê? Porque quem as chefia não está para se chatear.  Quem as chefia não parece disposto a fazer o seu papel, simplesmente deixa andar e uma vez por ano (para as empresas que têm processos de avaliação) ocorre uma "conversa" sobre um conjunto de objectivos que, por vezes, nem sequer fazem sentido, e fica tudo como dantes. Já trataram de avaliar as chefias que não conseguem resolver o problema dos seus colaboradores?
Foram apenas 5 pontos que me ocorreram, sem ter que me esforçar muito. Depois de tratarem destes, força, vamos lá ao salário mínimo!

Até lá, camarada Merkel, abre mais os olhos e menos a boca.

Sunday, April 7, 2013

Seguindo o exemplo de Pedrito e Gaspar...

Caros credores,

A necessidade de ter de vos pagar é algo que me condiciona para além do razoável.

É verdade que as leis em vigor me obrigam a esses pagamentos, mas não concordo com a interpretação que os tribunais fazem - recorrentemente, diga-se - dessas leis. Aliás, creio que será óbvio para todos nós que os problemas financeiros em que me encontro são da exclusiva responsabilidade destes mesmos tribunais, que mais não têm feito ao longo deste calvário senão fazer-me cumprir a lei, de uma forma que considero verdadeiramente ignóbil.

Assim sendo, creio que a solução passará pela suspensão dessas leis, de forma a remover a referida obrigatoriedade de pagamento. Será, obviamente, uma medida temporária, em vigor apenas o tempo necessário para eu reorganizar as minhas finanças, objectivo que prevejo, numa alteração à minha previsão anterior, que será atingido no início do próximo ano.

De forma a maximizar a eficácia desta medida, suspenderei, desde já, os pagamentos dos valores que vos devo. Certamente, os tribunais não deixarão de ter em conta a situação extraordinária em que me encontro, e fecharão os olhos a eventuais violações de lei que pudessem, de outra forma, ocorrer.

Faço-o com a confiança absoluta de que, da vossa parte, não só compreenderão a minha decisão, como também a encorajarão, por espelhar o exemplo que recebemos dos nossos governantes, os nossos "best of the best".

Sem mais de momento, etc, etc...

Tuesday, March 26, 2013

Infeliz, supreendido e desapontado

Epa, há coisas lixadas...

Abebe Selassie... bem, parem de rir do nome do homem, está bem...? Que infantil... Como eu ia dizendo, Abebe Selassie disse que o resultado do desemprego é muito infeliz. Eu diria que há quase 1M de portugueses (mais uns quantos não contabilizados) que, se lhes perguntassem, escolheriam outro(s) adjectivo(s), mas fiquemo-nos por "infeliz". O homem é claramente ignorante sobre o assunto, mas eu também sou, felizmente.

Também disse que que o aumento do desemprego foi muito pior que o esperado. Impõe-se a pergunta de sempre: Esperado por quem? E lá temos a desculpa esfarrapada de sempre, o bom e velho "ninguém seria capaz de prever". Neste caso, o único motivo pelo qual ele não foi capaz de o prever foi por ter a cabeça tão enfiada no próprio umbigo que não conseguiu ouvir toda a gente que o previu, vezes sem conta.

Mas, para além de surpreendido (e, eventualmente, infeliz, sei lá), também está desapontado por os preços da electricidade e das telecomunicações não terem descido. É curioso, isto das telecomunicações. Aparentemente o moço não deve ver TV quando cá está. Nem ouvir rádio. Nem tão-pouco abrir os olhos (se, ao menos, se pudesse dizer o mesmo da boca). Porque se fizesse alguma destas coisas, dificilmente poderia não ver a guerra de preços que existe nas telecomunicações. Se há algo que todos sabemos é que basta um telefonema ao nosso fornecedor a dizer que a concorrência faz o preço X para nos darem logo mais qualquer coisa (e, às vezes, até baixarem para o preço X).

Tudo o que este indivíduo disse acima já era suficiente para ficar com a certeza que não é neste mundo que ele vive. Mas ainda falta a cherry on top. Para quem não souber, o preço da electricidade e das telecomunicações tem que cair porque... é uma questão importante para garantir a divisão equitativa dos sacrifícios.

Yep. Os problemas de equidade não surgem devido ao facto de todas as medidas aplicadas até agora inciderem unicamente sobre o rendimento do trabalho; nem por não se ter mexido nas PPPs, nem nas outras "rendas" que o Estado paga a empresas por esse país fora; nem mesmo pela forma como se continuam a pagar despesas, ajudas de custo e belos salários aos "best of the best" por esse Estado fora (enquanto temos por aí uns aprendizes de Joseph Grimaldi a disparar pérolas sobre as mordomias dos trabalhadores da Carris e do Metro, esses milionários secretos). Nada disso! A equidade estará no bom caminho quando pagarmos menos umas décimas de cêntimo por minuto no telemóvel. Ou talvez quando baixar a mensalidade da SporTV.

E é suposto que tipos como este elaborem um plano para deixar Portugal melhor que o que estava? Yeah, right! Isto remete para a única coisa de jeito que o Pedrito disse desde que foi eleito: "Emigrem". Não é por mais nada, é só porque quem manda nisto não tem qualquer competência (quanto mais, talento) para resolver o que quer que seja.