Acho fantástico o conceito de "responsabilidade" que anda por aí.
As elites cipriotas cometeram burrices umas atrás das outras, para atrair despósitos estrangeiros. São responsáveis por isso? Sem dúvida. Até porque já tínhamos visto algo idêntico recentemente, na Islândia.
Mas, que eu saiba, o Chipre não existe num vácuo. Aliás, ao contrário da Islândia, o Chipre é um membro da UE. E, tal como disse um elemento destacado de um dos "motores" da UE, já andava nisto há anos.
Qualquer pessoa com um dedo de testa via onde isto ia parar. Mais um dedo seria suficiente para essa mesma qualquer pessoa se aperceber que, sendo o Chipre um membro da UE, esta teria que intervir, por dois motivos: 1) para estabilizar o Chipre; e 2) muito mais importante, para se estabilizar a si própria. Isto era inevitável, qualquer um que conhecesse esta situação sabia qual era o único desfecho possível, e já nem sequer tinha a desculpa esfarrapada que se utilizou no pós-2007/2008, de que "ninguém conseguiria prever".
Um aparte: A utilização de uma desculpa destas só deveria servir para demonstrar a profunda incompetência de quem a utiliza. É claro que não é isso que acontece porque, como todos sabemos, esta desculpa é falsa, e este é um daqueles casos em que podemos certamente atribuir à desonestidade (a que alguns chamam "ganância") aquilo que poderíamos atribuir à incompetência.
Anyway... qualquer pessoa com x dedos de testa (para valores de x entre 1 e 2) via onde isto ia parar.
Portanto, e voltando à minha frase de abertura, acho fantástico que agora a responsabilidade seja exclusivamente do Chipre e dos cipriotas porque, como li nas frases de alguns iluminados, "o Chipre é um país soberano".
Cabe na cabeça de alguém que a UE não tenha formas de pressionar os seus países membros? Quem acredita nisso, leia isto, nomeadamente esta parte:
As elites cipriotas cometeram burrices umas atrás das outras, para atrair despósitos estrangeiros. São responsáveis por isso? Sem dúvida. Até porque já tínhamos visto algo idêntico recentemente, na Islândia.
Mas, que eu saiba, o Chipre não existe num vácuo. Aliás, ao contrário da Islândia, o Chipre é um membro da UE. E, tal como disse um elemento destacado de um dos "motores" da UE, já andava nisto há anos.
Qualquer pessoa com um dedo de testa via onde isto ia parar. Mais um dedo seria suficiente para essa mesma qualquer pessoa se aperceber que, sendo o Chipre um membro da UE, esta teria que intervir, por dois motivos: 1) para estabilizar o Chipre; e 2) muito mais importante, para se estabilizar a si própria. Isto era inevitável, qualquer um que conhecesse esta situação sabia qual era o único desfecho possível, e já nem sequer tinha a desculpa esfarrapada que se utilizou no pós-2007/2008, de que "ninguém conseguiria prever".
Um aparte: A utilização de uma desculpa destas só deveria servir para demonstrar a profunda incompetência de quem a utiliza. É claro que não é isso que acontece porque, como todos sabemos, esta desculpa é falsa, e este é um daqueles casos em que podemos certamente atribuir à desonestidade (a que alguns chamam "ganância") aquilo que poderíamos atribuir à incompetência.
Anyway... qualquer pessoa com x dedos de testa (para valores de x entre 1 e 2) via onde isto ia parar.
Portanto, e voltando à minha frase de abertura, acho fantástico que agora a responsabilidade seja exclusivamente do Chipre e dos cipriotas porque, como li nas frases de alguns iluminados, "o Chipre é um país soberano".
Cabe na cabeça de alguém que a UE não tenha formas de pressionar os seus países membros? Quem acredita nisso, leia isto, nomeadamente esta parte:
In the 1999 legislative election, the FPÖ won its best-ever result in a national election with 26.9% of the vote and defeated the Austrian People's Party (ÖVP) by a small margin. This led the ÖVP to agree to form a coalition government with the FPÖ. The coalition was initially subject to sanctions from the European Union, which claimed that the coalition was "legitimis[ing] the extreme right in Europe."
Sim, é verdade. A UE tem como demonstrar a um estado membro que algo tem que mudar. Aliás, o Chipre recebeu um ultimato esta semana.
Então, não teria feito muito mais sentido dar este ultimato no início desse período descrito pelo brilhante Schäuble como "durante anos"? Não teria sido muito mais sensato dizer-lhes nessa altura que ou mudam essa brincadeira ou saiem do Euro, porque nós não queremos apanhar por tabela com o vosso risco?
Quem faz a asneira tem responsabilidade, e isso não está sequer em causa. Agora, quem presencia a asneria e, tendo ferramentas para a evitar, nada faz, partilha dessa responsabilidade.
Tudo o resto são teorias. E nem sequer são da conspiração.
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